Corrente de Reviews 2016: Hibike! Euphonium

Olha só, o Otaku Pós-Moderno abrindo a Corrente de Reviews 2016 do Anikenkai! Temos essa honra em nossa segunda participaçao e com um anime musical que movimentou o público em 2015. Hibike! Euphonium no Otaku Pós-Moderno



Sinopse:

Hibike! Euphonium é adaptação da novel escrita por Ayano Takeda e ilustrada por Nikki Asada, que contém 4 volumes, publicada entre dezembro de 2013 e maio de 2015. A obra conta a história de Kumiko Oumae, garota que toca eufônio desde criança e fez parte da orquestra da escola no Chuugakou (equivalente ao final do ensino fundamental que temos aqui no Brasil), mas nunca ligou muito para concursos. Ao entrar no ensino médio, conhece novas amigas , como Hazuki Katou e Sapphire Kawashima, e acaba se juntando novamente à orquestra da escola. Reina Kousaka, colega de classe de Kumiko no fundamental, foi para a mesma escola e toca na banda. Agora, as quatro e os outros membros da orquestra trabalham para alcançarem o objetivo de disputar a competição de Kansai.


Falaremos aqui da 1ª temporada da adaptação em anime, os 13 episódios produzidos pela Kyoto Animation, que foram ao ar entre abril e julho de 2015.

Em primeiro lugar, é consenso entre nós não gostarmos de musicais. Aquela imagem de que qualquer coisa pode ser resolvida aleatoriamente através de música ainda é forte nas nossas cabeças. Felizmente, Hibike! Euphonium não é bem assim. A introdução do anime é excelente, o impacto da primeira cena é um soco no estômago e a apresentação das carismáticas personagens é eficiente. O anime apresenta com calma o que é a orquestra, assim como quais são os instrumentos que a compõem.

O enredo não é nenhuma revolução, mas comparando aos musicais que mais vêm na nossa mente (sim, estamos pensando em Disney, Moulin Rouge, até na porcaria de Chicago), é uma história plausível, que vai se mostrando cada vez mais envolvente. O ritmo é outro ponto positivo: como a história vai mostrando os seus elementos com calma, ela não passa tão rápido, mas você não sente que está perdendo tempo, não há a sensação de enrolação. A trama é tocada com delicadeza.

O grande problema em se trabalhar com uma história envolvendo uma banda(ou qualquer outro tipo de grupo, como um time de futebol) é a gama de personagens. É difícil dividir o tempo de tela de forma eficiente. Evidentemente, vai faltar espaço para alguns deles. Em Hibike! Euphonium podemos observar isso até no quarteto das protagonistas: Sapphire é a quase todo momento uma escada para Kumiko e Hazuki, sempre mantendo a alegria e a predisposição necessária para que as tramas das amigas seguissem naturalmente. O único conflito que a personagem tem durante a série é ínfimo perto de outros que envolvem até personagens secundários, como Kaori Nakaseno e Haruka Ogasawara, veteranas da banda.

Entretanto, a obra consegue compensar essa dificuldade ao se focar menos na parte técnica da música e mais no aspecto slice of life. Antes de vermos uma banda, estamos vendo meninas de 15 a 18 anos lidando com seus problemas, dúvidas e emoções cotidianas. O romance, o drama e a comédia são extremamente naturais e agregam muito para as personagens e a trama. É até por esse caldeirão de emoções adolescentes que a presença do rígido(e ótimo personagem) professor Taki fica ainda mais interessante. À medida que o instrutor vai colocando as habilidades das meninas(e dos poucos meninos) à prova, as reações de cada um são os guias para o desenvolvimento de cada sub-trama desses personagens. Isso dá origem a um dos maiores conflitos da série, que perpassa boa parte dos episódios da metade pro final.

Se por um lado faltou vermos mais intimamente a evolução dos personagens como músicos, pudemos ver suas evoluções pessoais e o nascimento de um espírito de equipe. E Hibike! Euphonium é exatamente sobre isso: não há espaço para individualismo em uma banda. E veja só, apesar de isso tudo, também não há espaço para injustiças. As linhas que dividem talento, experiência e força de vontade são extremamente respeitadas e levadas a sério na obra. Nem mesmo Kumiko, a protagonista, com larga experiência como musicista, tem vida fácil no clube.

Kumiko, aliás, merece um parágrafo para ela. É difícil encontrarmos protagonistas egocêntricas que não sejam malas ou irritantes, tanto para os espectadores, quanto pros outros personagens. A equipe acertou em cheio na condução das suas subtramas e especialmente em seus diálogos. Em um desses diálogos, outra personagem explica claramente a personalidade da protagonista. Dá pra ver ali que sabiam exatamente o que estavam fazendo. Felizmente, não tivemos outra clássica protagonista tímida e inocente.

Visualmente, o anime é fantástico, como já estamos acostumados em obras da Kyoto Animation. O character design levemente genérico não atrapalha a animação caprichada, os cenários belíssimos e as cores bem distribuídas conforme cada atmosfera das cenas. O preciosismo da equipe fica evidente quando se observam os lindíssimos instrumentos de metal da banda, com preocupações até em detalhes como os reflexos.

E como não poderia ser diferente, a parte sonora é a melhor coisa do anime. Fica recomendação em assistir na melhor resolução possível, porque além da imagem, há melhora na qualidade do som. O repertório é fantástico, lembra a trilha sonora de ótimos filmes de Hollywood(Momento “EMPOLGOU™” para dizer que se John Williams escutasse a trilha sonora desse anime, iria amar). É um festival de belas e empolgantes músicas, tanto as executadas “pelas personagens”, quanto a trilha de fundo, que casa perfeitamente com a narrativa, com alguns momentos de experimentação muito bem sucedidos. As músicas de abertura e encerramento com presença de vocal ajudam a dar aquela variada, são agradáveis. Dream Solister foi uma das melhores músicas de abertura do ano passado, e olha que teve bastante coisa legal. O encerramento dá uma boa divulgada nas dubladoras principais e é bem divertido.

Não precisam perguntar se gostamos do anime, não é? Uma das boas surpresas que tivemos nos últimos anos. É envolvente, uma explosão de fofura e que não trata o espectador como um idiota. Para os prognósticos de novo “K-On” que pipocaram na época de lançamento, Hibike! Euphonium se diferencia e toma uma direção bem mais interessante. Continuaremos assistindo essa segunda temporada, com certeza. Deixamos o nosso agradecimento ao Diogo, do Anikenkai por ter dado uma ótima indicação.


Quem continua a corrente a partir de agora é o Diego, do É só um desenho, que vai falar de forma calma e equilibrada sobre nossa indicação, Serial Experiments Lain.

6 comentários sobre “Corrente de Reviews 2016: Hibike! Euphonium

  1. Rui Carodi disse:

    Uma pergunta meio difícil: vocês sabem até onde da ligth novel foi adaptado para anime?
    Gostei do texto embora discorde quanto aos musicais (embora entenda o motivo), que tem uma enorme quantidade de exemplos que não se encaixam no que falaram. Enfim, boa analise.

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