E aí, beleza?
Essa é mais uma iniciativa da Blogosfera Otaku, colaboração mútua entre blogs da área da qual o nosso blog faz parte(clique aqui para conhecer a página e mande mensagem para ela caso tenha interesse em se juntar ao projeto). Dessa vez, o Otaku Pós-Moderno tem o prazer de inaugurar a Corrente de Artigos! Nela, os blogs participantes do projeto indicam temas entre si, de forma que o blog indicado deve produzir um texto sobre anime(s) e mangá(s) baseando-se no tema que recebeu ou abordar a aparição desse tema nas obras.
Recebemos a indicação do tema SIMPLICIDADE. Portanto, a escolha foi escrever sobre Boku no Hero Academia, obra que a gente fala bastante aqui no blog, abordando os clichês da obra e de que forma eles se relacionam como a simplicidade da história.
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Revoluções criativas são relativamente comuns nas artes. Nos animes e mangás, isso não é diferente. Ao longo das décadas, ideias ficam defasadas e temáticas e estruturas narrativas se tornam lugar comum, o que obriga aos autores que buscam emplacar um sucesso a buscar novas opções na elaboração das suas obras. Esse ciclo perdura até hoje. Conhecemos algumas dessas tentativas de inovação de formato e conteúdo nas chamadas obras de “desconstrução”, onde os criadores se aproveitam de gêneros e temas já estabelecidos e os conduzem de forma a fugir dos clichês inerentes aos mesmos, estabelecendo novas e mais criativas opções para se contar histórias.
Nesse contexto de popularização das obras de desconstrução, especialmente nos últimos 10 anos, é natural que quando o público menos casual se depare com obras como Boku no Hero Academia(Bones, 2016), identifique e aponte os clichês e repetições de temas no conteúdo das mesmas. De fato, eles estão lá: há o protagonista subestimado, a exaltação à coragem e ao heroísmo, a perseverança e o trabalho duro como caminho para a redenção, entre outros. Identificados esses elementos, passemos a outros pontos: eles precisam estar ali? Um clichê necessariamente deprecia a construção de uma narrativa? As respostas dessas perguntas giram em torno de um aspecto que, embora não seja particular de Boku no Hero Academia, é o que define sua condução como obra: a simplicidade no seu conteúdo.
Vamos do início: a proposta da obra é basicamente retratar super-heróis iniciantes, com fortes influências(e às vezes, sátiras) dos quadrinhos americanos do gênero. Essa proposta obviamente sofre as coerções e influências do meio em que é publicada: quadrinhos japoneses nas páginas da Weekly Shounen Jump, revista cujo público-alvo são jovens e adolescentes do sexo masculino. Dessa mistura, surge um protagonista no estilo clássico da publicação: rapaz tímido, discriminado e jogado para baixo pela sociedade em que vive buscando, através da força de vontade, superar esses seus problemas. Seu ídolo? um musculoso super-herói no propositalmente exagerado estilo americano. Nosso primeiro questionamento tem diretamente a ver com All Might: será que essa sátira funcionaria tão bem se Midoriya, o protagonista, saísse do “padrão Jump”? Provavelmente, não.
É nesse ponto que percebemos de forma mais clara o ponto forte da obra. O conteúdo simples e “clichê” é expresso de forma muito eficiente, ao ponto de nos apegarmos aos carismáticos personagens e isso realçar as sátiras, os exageros e os toques de humor da obra. Juntando isso à parte dramática, que vem sendo extremamente bem executada na adaptação em anime, fica fácil concluir que até a “fórmula Jump”, há muito considerada engessada e batida, pode render bons frutos nas mãos certas. Isso responde à segunda das perguntas propostas em momento anterior do texto: não, os clichês de BNHA não depreciam a obra de forma geral.
Então será que a obra precisa mesmo desses clichês? Nesse ponto, entraremos em um mérito extremamente opinativo. Seguir a “fórmula Jump” muitas vezes não é uma decisão autoral, mas editorial. Sabemos por alto como a revista funciona e seguir os princípios de publicação da mesma certamente garantem uma sobrevida aos mangás nela publicados. Sabemos que, Kouhei Horikoshi, o autor do mangá, é um grande fã de quadrinhos de super-heróis. No campo da especulação, podemos pensar que esse foi o caminho mais fácil para concretizar o desejo de ter uma obra de seu gênero preferido de histórias de sua autoria na maior das publicações de mangá. E essa hipótese não seria reprovável, de forma alguma: além da simplicidade de conteúdo da obra, os personagens e a criatividade do autor carregam seu mangá de forma, até diria, independente.
É claro, os clichês poderiam ser retirados, como podem ser em qualquer história, mas será que vale a pena sacrificar uma narrativa simples e suave tendo que desenvolver conflitos e sub-tramas a mais, mesmo que pequenos em prol de um ineditismo nem tão necessário assim? A obra realmente precisa disso? Fica a discussão, vai de cada leitor. O último dos chamados “battle shounen” da Shounen Jump que foge(não completamente, mas em boa parte) dos clichês que tenhamos lido foi Hunter x Hunter, ainda em publicação. Quem leu ou lê a obra de Yoshihiro Togashi, sabe que de simples ela não tem nada.
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Nossa indicação para o próximo artigo da corrente é o blog É só um desenho, que escreverá sobre o tema COMING OF AGE.
Eu creio que usar a simplicidade como faz Boku no Hero Academia ajuda a manter a história numa passo confortável para uma história longa. Isso seria bom porque boa parte das pessoas no Oeste que se interessam por anime (observação minha) gostam de anime porque o meio traz histórias longas e com continuidade. Os shounens de batalha são o gênero que mais faz isso pela minha observação.
Este desenho até agora geralmente tem algum tipo de arco simples num episódio, em que poucos elementos estão presentes, e atingem uma conclusão gratificante no final. A série só ficará mais complexa ao longo de vários episódios provavelmente. Sou ignorante do mangá e não sei se a história ficará assim até o final, mas se não ficar, é provável que eu deixe para assistir quando a temporada acabar.
acredito que boku noi hero academia sege um dos melhores animes que tenho assistido nos últimos tempos ,apesar de eu não ter um conhecimento aprofundado sobre esse mundo a simplicidade de boku no hero me fez acompanhar a historia até o momento ,até porque isso valoriza a intenção do anime que seria simplesmente que qualquer pessoa pode ser um herói ,desde que se esforce para isso!